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Archive for the ‘CINEMA’ Category

Ao assistir ao filme “The Artist” (que concorrerá ao Oscar de Melhor Filme, Ator, Roteiro, entre outras indicações) não há como não deixar de lembrar de Charlie Chaplin

Posted by Liberdade Aqui! em 01/02/2012

VIA PORTAL NASSIF

Chaplin: “Os Ricos Compram o Barulho”

Enviado por luisnassif, qua, 01/02/2012 – 20:18

Ao contar a história da transição do cinema mudo para o falado, ironicamente por meio da estética em preto e branco e sem som,  o filme “The Artist” (indicado ao Oscar de melhor filme) faz diversas referências ao mais famoso resistente à sonorização:  Charlie Chaplin. Ele acreditava que tal inovação destruiria a “abstração cômica” forma que, segundo ele, universalizaria o cinema. Mas havia uma dimensão política por trás dessa resistência: atacado pelas elites culturais na década de 1920 pelo “baixo nível” dos seus filmes voltados para trabalhadores, imigrantes e desempregados via na sonorização o enquadramento político e moral decisivo dos cinema pelos grandes estúdios: “os ricos compram o barulho”, denunciava. 

Ao assistir ao filme “The Artist” (que concorrerá ao Oscar de Melhor Filme, Ator, Roteiro, entre outras indicações) não há como não deixar de lembrar de Charlie Chaplin pelas diversas referências que a narrativa faz, principalmente as sequências do protagonista empobrecido vagando pelas ruas com o fiel terrier Uggie o acompanhando. As referências a Chaplin são propositais já que, assim como ele, o protagonista George Valentim resiste o quanto pode à tecnologia da sonorização dos filmes. Mas se em “The Artist” a resistência de Valentim é por narcisismo e orgulho (quintessência do galã dos filmes mudos), na História real a resistência de Chaplin foi principalmente por motivos estéticos e políticos.

Isso ficou claro nas informações expostas ao público em uma mostra chamada “Chaplin e sua Imagem” no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, no ano passado. Com 200 fotografias, cartazes, documentos inéditos a Mostra apresentava a trajetória dos 54 anos de carreira do cineasta inglês Charlie Chaplin, desde os primeiros filmes pela Keystone de Nova York em 1914. Caminhando pelas quatro salas cedidas pelo Instituto para a Mostra, logo de cara fomos surpreendidos com a gênese do personagem Carlitos nos estúdios da Keystone: mais rude, agressivo e amargo, bem diferente da imagem do “adorável vagabundo”, idealista, romântico e nobre dos filmes da fase da United Artists (1919 a 1939).

No meio do trajeto, encontramos todo um painel dedicado ao filme “Luzes da Cidade”, um filme ainda mudo realizado quatro anos após o primeiro filme sonorizado da história (“The Jazz Singer”, 1927). Chaplin era um grande resistente à introdução do som no cinema e “Luzes da Cidade” foi uma resposta com uma produção de interessantes aperfeiçoamentos técnicos, tornando-o um dos dez melhores filmes na história do cinema para diretores como Orson Welles e Stanley Kubrick.

Dentro desse painel referente a esse filme e à resistência de Chaplin à sincronização sonora das falas no cinema encontramos esse interessante texto que transcreve seu depoimento à época:

“O silêncio – algo que não pode ser comprado – quantos de nós saberíamos defrontá-lo? Os ricos compram o barulho. No entanto, nosso espírito se realiza quando estamos mergulhados no silêncio natural – esse silêncio que jamais recusa aqueles que o procuram. O som aniquila a grande beleza do silêncio (…) Não creio que minha voz possa contribuir com as minhas comédias. Pelo contrário, ela destruiria a ilusão que venho tentando criar, a ilusão de uma pequena silhueta que simboliza a graça… não uma pessoa real, mas uma ideia bem humorada, uma abstração cômica” (Chaplin contre le filme parlant, Cinée, 15 de julho de 1929).

Muitos críticos na época acreditavam que a sonorização do cinema seria uma regressão estética. Primeiro porque acreditavam que depois de Griffith e Eisenstein o cinema já havia adquirido uma autonomia estética ao construir uma narrativa própria, visual. O som faria regredir o cinema ao “teatro filmado”. Segundo, que o cinema era dotado de uma riqueza formal tão grande que deveria ser libertado da obrigação de contar histórias. Essa discussão demonstrava que o cinema tinha nascido dividido entre a vocação documental e realismo dos Lumiere e o ilusionismo e formalismo de Méliès com os seus delírios barrocos e trucagens em “Viagem à Lua”(Le Voyage dans La Lune, 1902).

Para Chaplin, a questão tinha um caráter mais humanista: ele temia no cinema falado as pretensões universalistas do meio fossem perdidas. Achava que a linguagem visual era universal, rompendo com as restrições linguísticas dos idiomas. O que ele denominava de “abstração cômica” era a busca de uma linguagem universal baseada na comédia corporal e nas gags visuais, um humor que transcendesse a própria linguagem.

Porém, havia algo mais na desconfiança de Chaplin em relação à sonorização do cinema. Quando afirmou que “os milionários compram o barulho” ele vislumbrou uma dimensão sócio-política: por trás do advento da sincronização das falas estava o início da concentração econômico-financeira dos grandes estúdios, o rígido controle centralizado da linha de produção (e principalmente dos roteiristas) que a nova tecnologia traria e o enquadramento moral e temático dos filmes que culminou com o chamado “Código Hays” em 1934.

Chaplin: o inimigo público número um

Em meados da década de 1920 o jornal “Detroit News” estampava uma escandalosa manchete: “Pessoas de Baixo Nível Só Gostam de Charles Chaplin e Mary Pickford, Diz Pastor”. Não é à toa. Na segunda década do século vinte, o humor “slapstick” chega à maturidade e impacto com Chaplin, Harold Loyd e Buster Keaton. As travessuras e anarquia do vagabundo provocador atraíram a ira dos Reformistas da classe média. O chamado “humor-pastelão” era nitidamente urbano, sempre girando em torno de operários, imigrantes desempregados, gente que vivia no limite entre a legalidade e contravenção para sobreviver.

Eram os heróis da classe trabalhadora. Como afirmava Mack Sennett, os filmes ridicularizavam as elites e autoridades: “Eu gostava sobretudo da redução da autoridade ao absurdo, da noção de que sexo podia ser divertido e dos insultos ousados atirados contra a pretensão”, dizia sobre os seus curtas da Keystone. No slapstick o herói é sempre perseguido, chutado, molhado, surrado, desancado e maltratado. Expressava o cotidiano das mal educadas e grosseiras classes baixas que lotavam os quentes e esfumaçados Nickelodeons (salas de cinema cujo nome veio do preço popular das entradas, um níquel).

Segundo estudos por cinéfilos de Nova York de 1911, 72% do público era da classe trabalhadora e aqueles que trabalhavam mais horas eram os que mais frequentavam. Apenas 3% eram considerados de classes mais abastadas.

“Nos cinemas, essa sensação democrática era palpável. O cinema emancipou o poleiro e criou uma grande plateia, que era nada mais, nada menos do que o povo sem distinção de classe”, opinou a Motion Picture World” E o articulista da publicação alertava: “os filmes tornar-se-ão cada vez mais um poderoso fator no crescimento da consciência de classe” (Veja GABLER, Neal. Vida-O Filme. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 52).

Pronto! Esse era o subtexto por trás do humor anárquico de Chaplin e de toda sua geração que passou a preocupar as elites culturais.

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Big Brother: Do Projeto Biosfera 2 ao Gênero “Reality Show”

Posted by Liberdade Aqui! em 08/01/2012

Do blog Cinema Secreto

Do Projeto Biosfera 2 ao reality show “Big Brother”: a Ecologia Maléfica

O que há em comum entre o fracasso científico do Projeto Biosfera 2 em 1991 e o atual sucesso do gênero reality show? A ecologia maléfica. Das baratas e ervas daninhas que destruíram o Biosfera 2   à crueldade, preconceito e violência dos reality shows, ambos mantêm um vínculo secreto: a prospecção da mente e da consciência.

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Em 26 de setembro de 1991 quatro homens e quatro mulheres entraram numa gigantesca estrutura geodésica de vidro e metal com 12.000 metros quadrados, em Tucson, Arizona, em pleno deserto, para ali ficarem trancafiados por dois anos. Era o projeto Biosfera 2, abrigando 3.800 espécies animais e vegetais e simulações dos cinco principais biomas do planeta Terra , com o propósito de entender como a biosfera planetária funciona e como o ser humano interage com os ecossistemas. Foram monitorados por dois mil sensores eletrônicos e assistidos por 600 mil pagantes em todo o mundo.
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Alguns meses depois, em 15 de fevereiro de 1992 sete jovens entre 18 e 25 anos entraram no prédio 565 da Broadway Street, em Nova York, para ali permanecerem por três meses com diversas câmeras acompanhando suas vidas e seus relacionamentos. Era o início daquele que é considerado o primeiro Reality Show da TV mundial, o “The Real World” (Na Real) da MTV norte-americana.

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Em 16 de setembro de 1999, nove pessoas entraram em uma mansão em Almere, na Holanda, para ficarem também trancafiadas, desta vez por 106 dias, sem nenhum contato com o mundo exterior, acompanhados por uma parafernália de câmeras e microfones. Era a primeira edição do reality Show Big Brother idealizado pela empresa de entretenimentos Endemol. Embora o nome faça alusão a distopia literária de Gorge Orwel, “1984”, na verdade o programa foi explicitamente inspirado na experiência Biosfera 2 de, então, oito anos atrás.
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O que há em comum entre esses três eventos? Além do fato do produtor de TV holandês John De Mol ter admitido explicitamente que a ideia do formato do Big Brother fora inspirada no projeto Biosfera 2 (segundo ele, a inspiração veio após um considerável número de drinques), custa acreditar que a ideia dos produtores do seminal “The Real World” alguns meses depois do início do Biosfera 2 seja mera coincidência. Há uma profunda ligação entre o projeto técnico científico no deserto do Arizona no início dos anos 90 e a proliferação do gênero reality show na TV mundial.
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Fracasso científico, sucesso midiático
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Como experimento científico, o Projeto Biosfera 2 foi um resumo de todas as ideologias ecológicas, climáticas, microcósmicas e biogenéticas. Mas foi muito mais do que isso. Foi uma atração experimental. Bancado por um bilionário texano pela bagatela de 200 milhões de dólares, desde o início havia um implícito senso midiático e de espetáculo. É o momento em que a tecnociência se converte em show. Se não, como explicar a inviabilidade da pesquisa científica em um ambiente onde oito pesquisadores enclausurados e isolados do mundo passavam 95% do tempo lutando pela sobrevivência (fazendo a comida crescer, lutando contra pragas e tentando resolver problemas básicos como higiene e saúde). Não sobrava muito tempo para o trabalho científico.
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O Projeto foi um fracasso científico, mas um sucesso midiático. Dos objetivos iniciais publicamente divulgados como estudos dos biomas terrestres, dinâmica dos ecossistemas e sustentabilidade do ser humano em ambientes extraterrestres havia outro objetivo secreto: a endocolonização (a colonização interna da mente humana). Os milhares de sensores eletrônicos e câmeras espalhados no interior da gigantesca estrutura geodésica e o monitoramento ao vivo por meio de telas de TVs buscavam outros tipos de dados: o esquadrinhamento do comportamento humano, dessa vez não mais em laboratórios de psicologia, mas, agora, em cenografias controladas onde indivíduos lutam pela sobrevivência.
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A tecnociência atual perdeu há muito seu interesse por desbravar outros planetas, buscar uma Teoria Unificada do cosmos ou buscar um modelo unificado da biosfera. Hoje ela se volta para o interior da mente humana, indo além do estudo do seu comportamento: quer psicocartografar a consciência e a alma.
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Por trás dos altruístas e politicamente corretos objetivos (ecologia e sustentabilidade), estavam as origens do projeto tecnognóstico de uma psicocartografia do homem para a elaboração de modelos de simulação para uma não muito distante virtualização da mente e consciência. Em outras palavras mais diretas: contole, monitoramento e engenharia social.
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Não é à toa que o appeal midiático do projeto Biosfera 2 tenha contaminado o universo televisivo. Mas com uma diferença. Se no projeto tecnocientífico a ecologia e sustentabilidade foram álibis para a iniciativa de endocolonização, na TV, sob o álibi da interatividade, o gênero reality show transformou-se em laboratório etnográfico para prospectar dados e análise dos comportamentos e motivações. Não é à toa que muito dos vencedores desses programas acabam sendo convidados para darem palestras motivacionais em meios corporativos.
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Mais ainda, as dinâmicas, jogos e pegadinhas desses programas acabaram formando um estoque de táticas aplicáveis por técnicos de recursos humanos em seleção e treinamento em empresas. Numa surreal contaminação, hoje os ambientes corporativos com suas opressivas divisórias e baias não se diferenciam muitos dos realities televisivos. Funcionários (desculpe, “colaboradores”) são avaliados não tanto pelo conhecimento, mas, cada vez mais, por critérios comunicacionais e de relações semelhantes a programas como “No Limite” ou “Big Brother”.
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Biosfera 2 e Reality Show formaram uma secreta aliança: foram a vanguarda de uma verdadeira estratégia de agenda setting de popularizar e tornar aceitável à opinião pública os novos tempos em que vivemos, onde, sob o álibi da interatividade, todos disponibilizam gratuitamente em sites de relacionamento seus dados, aspirações, sonhos e fantasias pessoais em estado bruto para os banco de dados corporativos. Dados brutos que, graças as ciências cognitivas e neurológicas, serão a base de simulações do funcionamento da mente.
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A Ecologia Maléfica biológica e humana
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Pedro Bial tenta enquadrar  as situações
vividas pelos participantes às suas
crônicas moralizantes
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Um dos motivos apontados para o fracasso do Biosfera 2 foi a sua concepção científica positivista e linear que procura retirar da natureza o Mal, a catástrofe, o germe. Enclausurar os biomas terrestres num ambiente fechado, como uma espécie de Disneylandia ecológica, baseado num modelo de reciclagem, retroalimentação, estabilização e metaestabilização é como construir um paraíso ecológico idealizado.
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Delírio tecnocientífico, como se tudo fosse previsível linearmente dentro de modelos ou simulações.
O resultado foi catastrófico: ácaros e gafanhotos devoraram as plantações, Das 25 espécies de vertebrados apenas seis sobreviveram. Os únicos organismos que prosperaram foram ervas daninhas, formigas e baratas, muitas baratas! Nada mais gnóstico do que essa ecologia maléfica. Há algo de irredutível e intransponível para essa tecnociência: o Mal.
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Da mesma forma, essa ecologia maléfica ressurge, dessa vez nas relações humanas monitoradas pelos reality shows. Como já desenvolvemos em postagens anteriores (veja links abaixo) a indústria do entretenimento tenta restringir os eventos a roteiros, plots ou scripts que exorcizem a presença do mal: o acidente, a estupidez, o cruel, o irredutível, o niilismo, o “non sense” etc. Precisa exorcizar a presença do mal para restringir as suas narrativas às lições moralizantes e tranquilizadoras.
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Colocar seres humanos num ambiente fechado e monitorado é perigoso. Inadvertidamente pode mostrar, ao vivo, essa ecologia maléfica: assim como a natureza é predada por ervas daninhas, formigas e baratas, as relações humanas o são pela intolerância, preconceito, violência, estupidez e crueldade.
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No caso do atual “Big Brother Brasil”, é visível o esforço não só da edição como do jornalista Pedro Bial, ao vivo, em tentar enquadrar as situações vividas pelos participantes às suas crônicas moralizantes que insistentemente recita antes da eliminação de um dos jogadores. A cada declaração politicamente incorreta de um participante, Bial intervém para diluir o impacto.
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Colocar tal “biodiversidade” confinada (gordos, atléticos, homossexuais, transsexuais, ricos, pobres, homofóbicos, heteros, emos… ) e transformar suas relações explosivamente maléficas em lições de moral é um desafio e tanto, assim como no projeto Biosfera 2 onde o sexo entre os tripulantes era proibido.
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Ao exorcizar o Mal e tentar manter um ambiente asséptico, o reality show, ironicamente, extirpa a interatividade que deveria ser o mote desse gênero televisivo. Como afirmou Claudio Silva, diretor que participou na criação do Big Brother na TV holandesa em 1999, os participantes não são eliminados tanto pela interatividade do show, mas pelo tédio de seus personagens.
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PRO DIA NASCER FELIZ!

Posted by Liberdade Aqui! em 23/04/2011

DO PORTAL LUIS NASSIF

Nossas Escolas, pro dia nascer feliz

Enviado por luisnassif, sab, 23/04/2011

Autor:

O diretor e roteirista João Jardim realizou um documentário pra lá de comovente sobre as escolas brasileiras e seus alunos adolescentes. O olho e os dedos de João não usaram de estratagemas para nos fazer sensibilizar , Pro dia nascer feliz simplesmente desnuda o que são nossas escolas públicas e privadas do Ensino Médio. A comoção vem daí, de ver sem enfeites  e de forma totalmente crua a realidade de nosso país.

Algo intrigante é a comparação entre a escola pública da periferia e a privada de bairro nobre paulistano. Esteticamente são completamente diferentes: a escola privada possui jardins e a manutenção é impecável, além dos diferentes espaços confortáveis e prazerosos , já nas públicas a pintura está a cair, o piso é de cimento exposto e falta manutenção. Mas o que intriga mesmo é o aspecto pedagógico por ser igual em ambas redes de ensino: na sala de aula carteiras perfiladas com uma mesa à frente de uma lousa verde , professor explanando o conteúdo. Não há um modo diferenciado de organizar o espaço da classe, não há quaisquer recursos tecnológicos de apoio pedagógico (lousa digital, projetor , telão e computador , etc.) Saliva, giz e lousa , mais livros didáticos compõem a metodologia de ensino. Claro que a escola privada, sobretudo a da elite, dirá, em sua defesa, que há sim momentos no laboratório de informática, dentre outras atividades que ocorrem em outros espaços, porém, a aula em si , segue o mesmo ritual desde a origem da escola.

O abandono e o descaso da escola pública são indignos. Os professores, diretores e demais profissionais da escola são abnegados ou maus profissionais para aguentarem este estado de coisas? Sim, porque trabalhar nestas condições adversas, impostas pelo sistema de ensino público, deveria ser por si só um fator de recusa ao trabalho. Nessas condições- deveriam dizer os professores – recuso-me a trabalhar, vendo pipoca que, aliás, dá muito mais dinheiro e dignidade, haja vista o carrinho de pipoca do Seu Zé, da cidade de Araras, formando, todos os dias, com ou sem chuva, longas filas na praça da matriz e empregando mais de seis pessoas.

O documentário acabou fazendo-me imaginar duas possíveis situações:

a) os professores terminam mais um dia de trabalho. Manhã seguinte: onde estão os professores? Nenhum apareceu para dar aula. E isso se prolonga por dias a fio. Ninguém sabe e ninguém viu um sequer professor. Todos, de todo o território brasileiro. As escolas estão sem aula, jovens e crianças se amontoam nas ruas nos primeiros dias e depois no isolamento de suas casas. O pai ou a mãe destes alunos pedem demissão do emprego para cuidar dos filhos e ensinar o que for possível.

b) os professores chegam às escolas e o que aconteceu com os alunos? Sumiram. Nenhum para contar a história. Os professores tentaram , em vão, esperar pelos alunos por vários dias , mas em uma determinada hora desistem  e seguem para as suas casas. Primeiro impacto: dois milhões de professores desempregados, além das centenas de diretores, secretários de educação , coordenadores , funcionários de todos os escalões dos governos municipais , estaduais e federais; faculdades de pedagogia param de funcionar porque não é preciso formar pedagogos e ,tampouco,licenciados, porque não há alunos para aprender.

E o que seria do nosso país se dessas duas alternativas uma não fosse fruto da minha diabólica imaginação?

Assistam aqui o documentário . São 9 partes!

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Bruna Surfistinha: ver ou não ver filme?

Posted by Liberdade Aqui! em 26/02/2011

Do R7.com

Bruna Surfistinha: ver ou não ver?

DivulgaçãoFoto Divulgação

Bruna Surfistinha é o mais novo candidato a recordista das bilheterias do cinema nacional e chegou ao país nesta sexta-feira (25).

O filme, com Deborah Secco no papel de Raquel Pacheco, conta a história de uma menina de classe média que sai de casa para se tornar garota de programa.

Grande estreia desta semana, o portal R7 traz interessante matéria e aponta os prós e os contras e conta para você por que ver ou por que não ver a produção.

Veja aqui por que ver ou não ver o filme.

 

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Faroeste Caboclo terá adaptação para o cinema

Posted by Liberdade Aqui! em 08/02/2011

Do Minilua.com

Música “Faroeste Caboclo” vai virar filme

Faroeste CabocloA música “Faroeste Caboclo” composta por Renato Russo do grupo Legião Urbana terá a adaptação cinematográfica. A notícia não é nova, mas tomou grandes proporções hoje por ser divulgado o elenco principal, e por estar no trending topic mundial do twitter.

O filme vai contar a história de João de Santo Cristo, um traficante que sai do Nordeste e se muda para Brasília, lá ele se apaixona por Maria Lúcia.

O elenco conta com Fabrício Boliveira (João de Santo Cristo), Ísis Valverde (Maria Lúcia) e Felipe Abib (Jeremias). A direção é de René Sampaio com produção da Gávea Filmes, coprodução da Globo Filmes e distribuição da Europa Filmes.

A música foi composta em 1979, mas só foi lançada oficialmente em 1987 no álbum “Que País É Este”, a letra tem 159 versos e 9 minutos de canção.

Faroeste Caboclo
Composição: Renato Russo

Não tinha medo o tal João de Santo Cristo
Era o que todos diziam quando ele se perdeu
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe deu

Quando criança só pensava em ser bandido
Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu
Era o terror da cercania onde morava
E na escola até o professor com ele aprendeu

Ia pra igreja só pra roubar o dinheiro
Que as velhinhas colocavam na caixinha do altar
Sentia mesmo que era mesmo diferente
Sentia que aquilo ali não era o seu lugar

Ele queria sair para ver o mar
E as coisas que ele via na televisão
Juntou dinheiro para poder viajar
De escolha própria, escolheu a solidão

Comia todas as menininhas da cidade
De tanto brincar de médico, aos doze era professor.
Aos quinze, foi mandado pro o reformatório
Onde aumentou seu ódio diante de tanto terror.

Não entendia como a vida funcionava
Discriminação por causa da sua classe e sua cor
Ficou cansado de tentar achar resposta
E comprou uma passagem, foi direto a Salvador.

E lá chegando foi tomar um cafezinho
E encontrou um boiadeiro com quem foi falar
E o boiadeiro tinha uma passagem e ia perder a viagem
Mas João foi lhe salvar

Dizia ele: “Estou indo pra Brasília
Neste país lugar melhor não há
Tô precisando visitar a minha filha
Eu fico aqui e você vai no meu lugar”

E João aceitou sua proposta
E num ônibus entrou no Planalto Central
Ele ficou bestificado com a cidade
Saindo da rodoviária, viu as luzes de Natal

“Meu Deus, mas que cidade linda,
No Ano-Novo eu começo a trabalhar”
Cortar madeira, aprendiz de carpinteiro
Ganhava cem mil por mês em Taguatinga

Na sexta-feira ia pra zona da cidade
Gastar todo o seu dinheiro de rapaz trabalhador
E conhecia muita gente interessante
Até um neto bastardo do seu bisavô

Um peruano que vivia na Bolívia
E muitas coisas trazia de lá
Seu nome era Pablo e ele dizia
Que um negócio ele ia começar

E o Santo Cristo até a morte trabalhava
Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar
E ouvia às sete horas o noticiário
Que sempre dizia que o seu ministro ia ajudar

Mas ele não queria mais conversa
E decidiu que, como Pablo, ele ia se virar
Elaborou mais uma vez seu plano santo
E sem ser crucificado, a plantação foi começar.

Logo logo os maluco da cidade souberam da novidade:
“Tem bagulho bom ai!”
E João de Santo Cristo ficou rico
E acabou com todos os traficantes dali.

Fez amigos, frequentava a Asa Norte
E ia pra festa de rock, pra se libertar
Mas de repente
Sob uma má influência dos boyzinho da cidade
Começou a roubar.

Já no primeiro roubo ele dançou
E pro inferno ele foi pela primeira vez
Violência e estupro do seu corpo
“Vocês vão ver, eu vou pegar vocês”

Agora o Santo Cristo era bandido
Destemido e temido no Distrito Federal
Não tinha nenhum medo de polícia
Capitão ou traficante, playboy ou general

Foi quando conheceu uma menina
E de todos os seus pecados ele se arrependeu
Maria Lúcia era uma menina linda
E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu

Ele dizia que queria se casar
E carpinteiro ele voltou a ser
“Maria Lúcia pra sempre vou te amar
E um filho com você eu quero ter”

O tempo passa e um dia vem na porta
Um senhor de alta classe com dinheiro na mão
E ele faz uma proposta indecorosa
E diz que espera uma resposta, uma resposta do João

“Não boto bomba em banca de jornal
Nem em colégio de criança isso eu não faço não
E não protejo general de dez estrelas
Que fica atrás da mesa com o cu na mão

E é melhor senhor sair da minha casa
Nunca brinque com um Peixes de ascendente Escorpião”
Mas antes de sair, com ódio no olhar, o velho disse:
“Você perdeu sua vida, meu irmão”

“Você perdeu a sua vida meu irmão
Você perdeu a sua vida meu irmão
Essas palavras vão entrar no coração
Eu vou sofrer as consequências como um cão”

Não é que o Santo Cristo estava certo
Seu futuro era incerto e ele não foi trabalhar
Se embebedou e no meio da bebedeira
Descobriu que tinha outro trabalhando em seu lugar

Falou com Pablo que queria um parceiro
E também tinha dinheiro e queria se armar
Pablo trazia o contrabando da Bolívia
E Santo Cristo revendia em Planaltina

Mas acontece que um tal de Jeremias,
Traficante de renome, apareceu por lá
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo
E decidiu que, com João ele ia acabar

Mas Pablo trouxe uma Winchester-22
E Santo Cristo já sabia atirar
E decidiu usar a arma só depois
Que Jeremias começasse a brigar

Jeremias, maconheiro sem-vergonha
Organizou a Rockonha e fez todo mundo dançar
Desvirginava mocinhas inocentes
Se dizia que era crente mas não sabia rezar

E Santo Cristo há muito não ia pra casa
E a saudade começou a apertar
“Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia
Já tá em tempo de a gente se casar”

Chegando em casa então ele chorou
E pro inferno ele foi pela segunda vez
Com Maria Lúcia Jeremias se casou
E um filho nela ele fez

Santo Cristo era só ódio por dentro
E então o Jeremias pra um duelo ele chamou
Amanhã às duas horas na Ceilândia
Em frente ao lote 14, é pra lá que eu vou

E você pode escolher as suas armas
Que eu acabo mesmo com você, seu porco traidor
E mato também Maria Lúcia
Aquela menina falsa pra quem jurei o meu amor

E o Santo Cristo não sabia o que fazer
Quando viu o repórter da televisão
Que deu notícia do duelo na TV
Dizendo a hora e o local e a razão

No sábado então, às duas horas,
Todo o povo sem demora foi lá só para assistir
Um homem que atirava pelas costas
E acertou o Santo Cristo, começou a sorrir

Sentindo o sangue na garganta,
João olhou pras bandeirinhas e pro povo a aplaudir
E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e
A gente da TV que filmava tudo ali

E se lembrou de quando era uma criança
E de tudo o que vivera até ali
E decidiu entrar de vez naquela dança
“Se a via-crucis virou circo, estou aqui”

E nisso o sol cegou seus olhos
E então Maria Lúcia ele reconheceu
Ela trazia a Winchester-22
A arma que seu primo Pablo lhe deu

“Jeremias, eu sou homem. coisa que você não é
E não atiro pelas costas não
Olha pra cá filha-da-puta, sem-vergonha
Dá uma olhada no meu sangue e vem sentir o teu perdão”

E Santo Cristo com a Winchester-22
Deu cinco tiros no bandido traidor
Maria Lúcia se arrependeu depois
E morreu junto com João, seu protetor

E o povo declarava que João de Santo Cristo
Era santo porque sabia morrer
E a alta burguesia da cidade
Não acreditou na história que eles viram na TV

E João não conseguiu o que queria
Quando veio pra Brasília, com o diabo ter
Ele queria era falar pro presidente
Pra ajudar toda essa gente que só faz…

Sofrer…

 

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Um grande filme

Posted by Liberdade Aqui! em 07/01/2011

Via Blog do Favre

A eternidade segundo Clint


Em Além da Vida, que estreia hoje no Brasil, o grande diretor volta a investigar o tema da morte, desta vez com lições de solidariedade

Jay Maidment/Divulgação
Jay Maidment/Divulgação
Matt Damon. Um dom mediúnico atormenta o personagem, que se sente amaldiçoado

Luiz Carlos Merten – O Estado de S.Paulo

Começa com o tsunami na Tailândia, uma sequência tão impressionante que reduz a nada (em termos de intensidade dramática e até tecnológica) o disaster movie 2012, de Roland Emmerich. Mais tarde, há um atentado no metrô de Londres e a TV reporta o expressivo número de vítimas. O novo Clint Eastwood incorpora imagens que remetem à violência da natureza e do homem e, embora o tema seja importante na obra do autor, desta vez o foco não está nele. O novo Clint, Além da Vida, trata de outro tema que tem sido decisivo na obra do xerife de Hollywood.

Desde Perversa Paixão, com aquela fã enlouquecida do astro-DJ, e depois através de O Cavaleiro Solitário, Bird, Coração de Caçador, Os Imperdoáveis, Menina de Ouro e Gran Torino, a morte tem sido uma companheira frequente do diretor. Desta vez, Clint vai além, mas o título do filme não dá uma ideia do que ele pretende dizer – e leva a pensar que talvez seja o Nosso Lar de Hollywood. Ele investiga, sim, a possibilidade de vida após a morte, discute o tema científica e emocionalmente, mas o que lhe interessa, racionalmente, é o aqui e agora, here and now, não exatamente hereafter, como pretende o título original.

São três personagens cujas vidas terminam por se fundir. Mas o roteiro de Trevor Morgan os acompanha separadamente, no início. Uma jornalista que sobreviveu ao tsunami, mas cuja vida nunca mais será a mesma após a perturbadora experiência de vida após a morte, que sofreu. O que representam aquelas luzes, o desprendimento de si mesma, a sensação de não pertencer ao próprio corpo? No papel, Cécile de France tenta compreender.

Gêmeos. O outro é um menino que perde o irmão gêmeo, minutos mais velho, brutalmente. Ambos filhos de uma mãe dependente de drogas, os gêmeos se ajudavam mutuamente. O mais velho era o guardião do menor e ele tenta desesperadamente fazer contato. O terceiro, Matt Damon, é um vidente, ou médium. Ao simples toque na mão do outro, ele consegue fazer esse contato que tantos desejam. Para seu irmão, é um dom. Para ele, é uma maldição – que o impede de levar sua vida normalmente, seja lá o que isso signifique.

O que está acontecendo no cinema neste começo de 2011? Por que tantos diretores se preocupam ao mesmo tempo com temas similares? O Primeiro Que Disse, de Ferzan Ozpetek; A Árvore, de Julie Bertucelli; Além da Vida, de Clint Eastwood. Na verdade, é uma preocupação que vem do final de 2010, com Woody Allen. Existe outra vidente e até uma tentativa de comunicação com os mortos em Você Vai Conhecer o Homem de Seus Sonhos, mas Allen a trata como paródia. Clint trata o assunto a sério e, numa cena, Cécile, a jornalista, vai a uma cientista na Suíça e ela lhe relata como são coincidentes esses relatos de vida após a morte. Não existem respostas definitivas, não é preto no branco, mas tudo isso quer dizer alguma coisa. A questão é – o quê?

É interessante analisar como e por que, depois de tantos filmes sobre a morte, Clint tenha sentido a necessidade de fazer essa indagação. A eutanásia de Menina de Ouro e o sacrifício de Gran Torino exigem respostas, mas o fascínio de Além da Vida é que o filme, tocando o sublime no relato da complexidade da experiência humana, não tem respostas definitivas. O próprio aperto de mãos, tão temido por Matt Damon, no final é só uma tentativa de aproximação entre os vivos, não uma ponte para o além.

Talvez o espectador deva pular este parágrafo e voltar a ele somente após haver assistido ao filme. Mas para entender a humanidade do personagem eastwoodiano – é interessante reportar-se ao momento em que Damon, não podendo mais fugir, concorda em fazer o contato do garoto com o irmão. O desespero é tão genuíno, o sentimento de estar perdido da criança é tão premente, que o médium, o vidente, diz uma mentira piedosa. Ou será que o irmão realmente voltou, depois de se despedir, e disse aquilo? Seja como for, a cada ação, uma reação. O menino, agradecido, impulsiona Damon a agir, rompendo o próprio isolamento. O tema de Além da Vida vira a solidariedade humana.

Nos EUA e mesmo aqui no Brasil, muita gente tem reclamado de Além da Vida. Acham que o filme é chato e de um formalismo quebrado – talvez pelas várias frentes -, dizem que Além da Vida avança aos trancos, até que uma hora para de andar. Emperra. O cinema é, por certo, uma experiência subjetiva. É preciso que o espectador esteja disposto a viajar naquilo que o diretor, o autor – o artista -, nos propõe. Ao fazê-lo, o público não apenas “retira” do filme. Também coloca alguma coisa – a sua inteligência, a sua sensibilidade, a capacidade de ir além do que as imagens propõem. Para resumir tudo – é um movimento de mão dupla, é preciso que o espectador se aproprie do filme.

Ética. Para quem fizer isso, Além da Vida não será formalista nem chato nem quebrado. Até o que tem de “excessivo” termina por fazer sentido. Tsunami, terrorismo, drogas, trabalho escravo, competitividade, desemprego. Aonde Clint Eastwood está querendo ir com tantas informações? Além da Vida está simplesmente nos oferecendo o caótico mundo pós-moderno, das economias globais, como se apresenta para a gente. Todo dia, você encontra essas informações na mídia, na internet. Talvez se pergunte o que tem a ver com isso? Talvez se indague sobre o sentido da vida – e a vida após a morte. Além da Vida vai na contracorrente do mundo que David Fincher critica em A Ordem Social. São complementares. A solidariedade contra a falta de ética. Clint conseguiu – fez outro grande filme. Um dos mais belos de sua carreira.

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A Rede Social

Posted by Liberdade Aqui! em 18/12/2010

Por Lola Aronovich, no seu blog

CRÍTICA: A REDE SOCIAL / Importante é levar vantagem em tudo, certo?

Mr. Facebook ouve de Mr. Napster o segredo do sucesso.

Quando fiquei sabendo que seria lançado um filme chamado A Rede Social, pensei: putz, um filme sobre o Facebook? Pra quê? Vão fazer um filme sobre o Google também? Mas admito minha ignorância. Rede não é exatamente sobre o Facebook, mas sobre a criação dessetroço que hoje reúne meio bilhão de membros (eu não estou entre eles). Mais do que isso, é sobre Mark Zuckerberg, esse rapaz que hoje, aos 26 anos, é o mais jovem bilionário do mundo. E mais até do que isso, é sobre a cultura americana. Portanto, vale muito a pena ser visto (sem falar que está sendo alçado às alturas pelos críticos ― que amam David Fincher ― e que deve concorrer a vários Oscars, talvez entrando até como favorito, o que considero uma injustiça com A Origem).

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Rede começa com Mark (Jesse Eisenberg), então um aluno de 19 anos de Harvard, sendo um panaca com sua namorada Erica (Rooney Mara, que será a estrela do próximo filme de Fincher). Se você é do tipo que costuma chegar atrasad@ no cinema, façao favor de não perder esta introdução que, embora fictícia (na vida real, Mark não tinha namorada), explica muito da motivação do personagem. É uma ótima cena, o jantar romântico que dá errado mais inspirado desde aquele emFelicidade (que você pode ver aqui). Mark diz a Erica que quer muito ser aceito para uma fraternidade, e que se isso desse certo, ele a apresentaria a pessoas que ela nunca teria a chance de conhecer. E ainda insiste que ela não precisa estudar porque não está numa universidade conceituada como a dele. Ou seja, Mark é um imbecil. Erica termina o namoro, o chama de babaca, e vai embora. Mark volta pro seu dormitório e, bêbado, depois de falar mal de Erica no seu blog, hackeia a internet para bolar um site que compara as alunas de Harvard no único conceito que importa, sua aparência física. O site é um sucesso total. Por causa dele, três colegas mais populares pedem para que ele progame um site para reunir alunos na faculdade. Mark os enrola, pede dinheiro emprestado para seu melhor amigo, Eduardo Saverin (feito por Andrew Garfield, que será o próximo Homem-Aranha), e cria o Facebook. Todos processam Mark. Contei muito do filme, você acha? Pois esses são apenas os quinze minutos iniciais.

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O slogan de Rede resume bem o meu resumo: “Você não consegue 500 milhões deamigos sem fazer alguns inimigos”. Pois é, o chato é que Mark parece ter um único amigo, Eduardo, que além de ser brasileiro é a consciência moral da trama ― e o trai. Mas Fincher mantém uma abertura para que você decida se Mark é um paspalhão ou um gênio. Não preciso nem dizer de que lado estou, né? Lá pelas tantas, ele conhece um carinha que havia sido o criador do Napster (Justin Timberlake), e que vira seu ídolo e mentor. Napster (eu não sei o nome dele; de inventores internéticos famosos, só guardo os nomes do Bill Gates e do Steve Jobs) diz pra Mark que um milhão de dólares não é cool. Cool é um bilhão. Pois então, não pra mim, mas sei que sou minoria nisso. Bilionários não são pessoas especiais, na minha opinião, nem são gênios. Se dependesse de mim eles nem existiriam, porque haveria limite pra riqueza. Quando eu era adolescente, nos anos 80, várias pessoas pensavam como eu. Hoje qualquer sombra de idealismo desapareceu, e ninguém vê nada de imoral em viver num mundo em que um grupinho de mil bilionários tenha mais dinheiro que o PIB de dezenas de países juntos. Pelo contrário, o pessoal acha esses bilionários super bacanas por eles doarem a instituições de alguns desses países pobres.

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Assim como ninguém vê nada de errado em que a enorme maioria desses bilionáriosseja de homens brancos. A ideologia se encarregou de fazer as pessoas acreditarem que é assim que as coisas são, e que vivemos num planeta com oportunidades iguais, e se todas essas pessoas bem-sucedidas são homens e brancos, bem, é sinal de que eles se empenharam mais, e que as minorias simplesmente não estão interessadas. Aliás, a falta de mulheres e negros entre os bilionários e inventores é usada como justificativa de como minorias não têm talento pra coisa (qualquer coisa). E Rede dá uma boa mostra do papel de homens e mulheres. Mark cria o Facebook para se vingar da ex, para saber em quais turmas as garotas gostosas estão, e para poderingressar num clube onde será aceito (contrariando a lei de Marx, não do Karl, mas do Groucho, de que jamais entraria prum clube que o aceitasse como sócio). Napster, movido a sexo com moças bem novinhas, menciona que um sujeito inventou o Victoria’s Secret para poder presentear a namorada com lingerie. Vivemos num mundo onde homens ricos criam apetrechos para se darem bem com mulheres bonitas. Uma cena emblemática acontece lá pelo meio do filme, quando duas moças estão numa reunião em que Mark e Eduardo delegam funções. E um dos rapazes nota a presença de duas moças sentadas num sofá e pergunta: peraí, quem são essas duas? E elas não são nada, apenas namoradinhas dos chefes. Elas querem saber se podem fazer alguma coisa, e a resposta óbvia é não, fiquem sentadinhas aí.

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Mark julga todo mundo o tempo todo, e obviamente se sente superior. É um revoltado. Mas não revoltado com a desigualdade social no planeta, já que pra um sujeito que consegue pagar a anuidade de Harvard (50 mil dólares por ano), esse não é um problema. Não, ele é revoltado por não poder entrar na fraternidade que lhe trará garotas gostosas. No universo de Mark há castas sociais (ele aprendeu isso no high school, lógico): homens são medidos pela popularidade, que é medida pelo dinheiro e pelo número de amigos e de namoradas (que, obviamente, não pode ser qualquer uma. Precisa ser hot, ou o contrário seria tão negativo pra popularidade quanto ter um carro velho). Mulheres são medidas pela beleza. Só. Isso em pleno século 21. E numa das melhores universidades do mundo.

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Essa mentalidade de frat boy(de universitários que pertencem a fraternidades, clubes separados por castas) que ensina que alguém, pra ser alguém, precisa ser bem sucedido, precisa ser popular, é uma marca registrada dos Estados Unidos. Por isso Rede é um filme tão americano. E tão masculino. E o que Mark quer é o que boa parte dos jovens brasileiros (e de outros países emergentes) de classe média quer também. Usam os mesmos tênis, os mesmos bonés, ouvem as mesmas músicas ― por que não copiariam os mesmos valores? 

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Mas claro, cada um verá o filme de acordo com seus valores. Tenho certeza quemuitos mais entenderão a mensagem de que “o mais importante é levar vantagem em tudo para ser cool e bilionário” do que “dinheiro não traz felicidade”. Muito mais gente verá Mark como um modelo de vida do que como exemplo de arrogância e deslealdade a ser evitado.

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Leia a segunda parte da crítica aqui.

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Sir Sean Connery comemora 80 anos

Posted by Liberdade Aqui! em 25/08/2010

Do Terra

Sean Connery chega aos 80 como um dos maiores atores de Hollywood
25 de agosto de 2010

 Getty Images

O astro acumula mais de 60 filmes no currículo
Foto: Getty Images

Thomas Sean Connery, o sir Sean Connery, completa 80 anos nesta quarta-feira (25). Um dos maiores atores de Hollywood, o veterano acumula mais de 60 filmes no currículo. Vários são da série 007, na década de 1960 e 70, na qual interpretou o primeiro James Bond, o detive mais famoso do mundo.

O astro teve sua primeira oportunidade na carreira artística em um musical. Nesta época, ele foi o terceiro colocado no concurso de Mister Universo, que lhe abriu portas para os palcos e televisão. Chegou a fama internacional por James Bond. De lá pra cá não parou mais. Connery nasceu em Edimburgo, na Escócia. Após abandonar seu personagem mais famoso, estrelou outros grandes sucessos como O Nome da Rosa, Os Intocáveis, Indiana Jones e a Última Cruzada, Highlander II – A Ressurreição, Armadilha, A Liga Extraordinária (seu último filme), dentre outros. Venceu o Oscar de melhor ator coadjuvante por sua atuação em Os Intocáveis, com Kevin Costner e Robert de Niro, em 1987, em uma cerimônia em que foi aplaudido de pé.

Por sua contribuição às artes cinematográficas e ao Império Britânico, o ator foi sagrado sir pela Rainha Elizabeth II, em 2000. Connery se mantem afastado dos cinemas desde A Liga Extraordinária, que apesar do sucesso entre o público, foi considerado um fracasso comercial. Para justificar o sumiço, ele afirmou que estava se dedicando a escrever um livro sobre sua vida.

O astro foi casado por onze anos com a atriz australiana Diane Cilento, com quem teve um filho. Foi um relacionamento conturbado, o que levou a atriz a escrever uma autobiografia relatando que o ator era um péssimo marido. Desde 1975, o veterano está casado com a artista franco-tunisiana Michelline Roquebrune.

Curiosidades

James Bond foi a principal inspiração para que os diretores George Lucas e Steven Spielberg criassem o herói Indiana Jones. Em sua homenagem, Connery foi o escolhido para viver o pai do herói em Indiana Jones e a Última Cruzada, interpretado por Harrison Ford. Lucas disse na época que o astro foi o homem que inspirou a criação do filme, o que o deixou muito honrado.

Outra curiosidade é que Sean Connery foi a principal escolha dos diretores para participar de filmes como Matrix e O Senhor dos Anéis, mas se recusou por não entender os roteiros. É considerado até hoje, de acordo com pesquisas de várias revistas, como um dos homens mais sexies do mundo.

Redação Terra

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CALA A BOCA, SYLVESTER STALLONE

Posted by Liberdade Aqui! em 23/07/2010

Do Tijolaço.com

Cala a boca, Rambo!

sexta-feira, 23 julho, 2010

O IMBECIL

O pior comportamento das elites é o preconceito. Elas se acham muito superiores aos demais, a quem só querem explorar em seu próprio proveito. Foi assim com os colonizadores e é assim com quem se acha superior aos outros só porque tem mais dinheiro ou vive num país com um nível de desenvolvimento maior.

Esse preconceito se revela naturalmente quando as pessoas chegam aqui e acham que estão numa republiqueta das bananas. O próprio país se deixava tratar assim até bem recentemente, com chanceleres tirando os sapatos para entrar nos Estados Unidos. O nosso papel, para essa gente, era esse mesmo, subalterno, de quintal dos EUA, aquele sim um país exemplar para onde acorrem a cada férias para comprar bugigangas e prestar vassalagem.

Do ator Sylvester Stallone, aquele que representa como ninguém os valores da política norte-americana, distribuindo socos como um lutador de boxe ou armado até os dentes e destruindo tudo o que encontra à frente como Rambo, não se poderia esperar comportamento diferente. Depois de rodar no Rio de Janeiro parte de um filme, sugestivamente chamado “Os mercenários”, atacou o país, que considerou a terra da permissividade.

“Filmamos no Brasil porque lá você pode machucar as pessoas enquanto filma. Você pode explodir o país inteiro e eles ainda dizem para você  ’obrigado e tome aqui um macaco para você levar para casa’”, afirmou o ator durante a Comic-Con, com a mesma “sutileza” que emprega em seus papéis.

Possivelmente Stallone encontrou aqui mais liberdade para fazer coisas do que em seu próprio país, porque muitos ainda ficam deslumbrados em receber quem vem de fora e agem com reverência de súditos. Mas a maioria das pessoas não aceita mais esse tipo de subserviência e reage com a indignação necessária. Um movimento “Cala a boca, Sylvester Stallone” se espalhou pelo twitter e chegou ao topo dos assuntos mais comentados no microblog.

Como propôs um dos tuiteiros, “Vamos boicotar o novo filme dele”, que é antiquado e de um reacionarismo ímpar, a julgar pela sinopse. Um grupo de mercenários, ou seja, combatentes a dinheiro, que agem exclusivamente por cobiça, tem a missão de combater um “ditador” na América Latina. Qualquer coincidência é mera semelhança.

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AO SUL DA FRONTEIRA

Posted by Liberdade Aqui! em 05/06/2010

Do Bahia em Pauta

Filme de Oliver Stone mexe com política e imprensa e causa furor nos EUA e América Latina

Pré-candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, e o diretor americano Oliver Stone se encontram em Brasília(Foto: Divulgação/ Roberto Stuckert Filho)

Stone e Dilma Rousseff: convergências

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ARTIGO DA SEMANA

AO SUL DA FRONTEIRA

Vitor Hugo Soares

Com lançamento nacional de “Ao sul da Fronteira” previsto para esta sexta-feira, 04, o mais recente filme de Oliver Stone chega às telas cercado de críticas e polêmica políticas, muito mais que de apreciações sobre o conteúdo e qualidades cinematográficas da fita. Aspectos, aliás, para os quais quase ninguém parece prestar atenção ou dar a mínima bola.

O furor “a favor e contra” é causado tanto pelo realizador norte-americano em si, como pelos personagens principais do documentário, que mexe, entre outros materiais explosivos, com o papel dos meios de comunicação nos Estados Unidos e na América Latina. O barulho se propaga rapidamente e alcança decibéis cada vez mais elevados: de Los Angeles a Nova Iorque, de Caracas a Cochabamba, de Buenos Aires a Córdoba, do Rio de Janeiro e São Paulo a Brasília.

Por um desses paradoxos difíceis de entender, praticamente tudo o que se imaginava iria acontecer em relação ao filme nacional “Lula, o Filho do Brasil”, de Fábio Barreto – monumental fracasso de público e crítica desde o lançamento – , parece ocorrer ao inverso agora com o filme de Stone, “Ao Sul da Fronteira” que desperta interesse e já motiva debates acalorados na imprensa e entre candidatos políticos do governo e oposição neste modorrento período da pré-campanha eleitoral.

Não é para menos. Nas entrevistas, de sua passagem pelo continente para lançamento do documentário, Stone não fala bem apenas de Hugo Chaves, derramando-se também em abraços, elogios e palavras de explícito apoio à ex-ministra Dilma Rousseff. Joga mais água fervente no caldeirão dos conflitos entre governo e oposição, com a imprensa no meio.

Uma fala de Stone sobre Dilma, em inglês, legendada e transformada em vídeo, multiplica acessos agora no You Tube, país e mundo afora. Nos ambientes mais restritos da propaganda na campanha da ex-ministra, já não é segredo que outro depoimento do cineasta foi especialmente gravado e reservado como peça de resistência de futuro programa de TV, na fase mais aguda da campanha, como parte do esforço petista de “dar uma cara internacional para Dilma”.

E assim segue Oliver Stone, como sempre, em sua larga trilha de polemista consumado – e bom propagandista de suas realizações, já se vê , principalmente quando mistura cinema e política. Quem não recorda do barulho mundial no lançamento do filme “JFK-A pergunta que não quer calar?”, que reconstitui o dramático assassinato do presidente John Kennedy, em Dallas? Foi assim igualmente em “Salvador, martírio de um povo”, sobre os movimentos guerrilheiros da América Central, também de 1986, como JFK.

O diretor de “Platoon” retoma em 2010 sua antiga receita. “Ao Sul da Fronteira ( South of the border”) é uma espécie de painel cinematográfico com dirigentes que respondem um questionário de perguntas as vezes obvias – tanto quanto os elogios do cineasta americano à candidata petista apoiada por Lula – , na tentativa de reverter a imagem errônea que o americano dos EUA em geral têm da América Latina, principalmente de seus políticos e governantes, segundo imagina o diretor.

É emblemática a cena de abertura de “Ao Sul da Fronteira”. Mostra a jornalista de um programa de televisão, nos Estados Unidos, que faz piada com um de seus colegas, diante de participantes do programa que dão risadas quando ela explica que confundiu “cacau” com “coca”, “porque não entendo nada de drogas”. Em seguida a estas primeiras imagens, Stone transporta suas câmeras para a Venezuela, e entrevista Hugo Chaves, que confessa: “todas as manhã faço meu desjejum com cacau”.

Na Bolívia, durante a sessão de lançamento do filme em um cinema de Cochabamba, é outra cena com Chaves que levanta o público. “You are a donkey, mister Bush (você é um burro, senhor Bush”), diz o presidente da Venezuela referindo-se ao então colega dos Estados Unidos. É a primeira das várias cenas “que arrancaram aplausos do público que ontem presenciou a premier nacional de Ao Sul da Fronteira”, informa um comentarista de “La Prensa”, presente ao lançamento festivo na Bolívia.

Stone viaja por este lado do continente. Desfilam opiniões de Cristina Kirchner, Evo Morales, Luis Inácio Lula da Silva, Rafael Correa e Fernando Lugo. É Cristina Kirchner quem diz a Stone que é a primeira vez que na América do Sul “os governantes se parecem com os governados”. Na conversa com o cineasta, a governante só se mostra e enérgica quando é consultada sobre quantos pares de sapatos tem a presidenta: “Você não perguntaria isso a um homem”, rebate Cristina.

Ainda assim nada parecido com o bafafá de dois anos atrás, quando, de passagem pela Argentina nos preparativos para o documentário, Stone definiu Eva Perón, a sagrada Evita dos peronistas, como “uma mistura de santa e prostituta”. Precisou sair às pressas da capital portenha.

Pelas bandas de cá, no entanto, parece que o maior furor se concentra nas reações às duras críticas de Stone sobre o papel dos meios de comunicação no continente, um dos assuntos mais polêmicos mostrados em “Ao sul da fronteira”. Na entrevista ao portal UOL, o realizador joga mais combustível na fogueira:

”No Brasil, na Venezuela. Na Argentina. Grandes cadeias, grandes famílias, eles são como as oligarquias. Eles são donos dos meios de comunicação, das emissoras de televisão. E eles os usam para interesses próprios. E eles mentem”, ataca o cineasta.

Tem mais, mas não conto. Quem quiser saber que vá ao cinema, até para desancar o filme “Ao Sul da Fronteira” e seu diretor. Com fatos e algum conhecimento de causa, naturalmente.

Vitor Hugo Soares é jornalista. E-mail:vitor_soares1@terra.com.br

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