Via Portal Nassif
Pretensão e água benta no jornalismo
Enviado por luisnassif, sex, 24/06/2011
No governo Lula, era frequente se imputar suas aprovação e popularidade ao desconhecimento de mazelas por parte dos grotões “iletrados” do país. Durante oito anos, pesquisadores tentaram relacionar os fatos. Uma luta, porque a cada crítica ou escândalo nada mudava.
Dilma, com alguns dos predicados festejados pelos conservadores, pensava-se, estaria livre disso. Que nada. A sempre equivocada Eliane Cantanhêde, hoje, na “Folha”, volta a falar de nós, os ignorantes.
Leiam este trecho: “E Dilma aprendeu com o padrinho que é melhor isolar as crises políticas como assunto de minorias e ir tocando o barco, ou melhor, os governos. Por isso, Dilma foca as faixas de baixa renda, que nem sabem quem é esse tal de Palocci, e as classes médias, que, se ouviram falar em Palocci, Código Florestal e sigilos, não deram tanta bola assim. O importante é o que bate no bolso“.
Faz parecer que, em outros governos, tínhamos um país predominantemente de doutores bem informados, com poder acurado de análise crítica, e não os mesmos ou maiores “grotões” que temos hoje.
Se tiverem paciência, abaixo o artigo completo:
ELIANE CANTANHÊDE
Saindo das cordas
BRASÍLIA – Parece sina: Dilma vive enroscada com a antipática palavra “sigilo”. Primeiro, o sigilo dos negócios do homem forte de seu governo, depois o sigilo eterno dos documentos oficiais, enfim o sigilo nos contratos de obras para a Copa e para a Olimpíada.
Presidentes, porém, têm caneta, recursos e “Diário Oficial”. E Dilma aprendeu com o padrinho que é melhor isolar as crises políticas como assunto de minorias e ir tocando o barco, ou melhor, os governos.
Por isso, Dilma foca as faixas de baixa renda, que nem sabem quem é esse tal de Palocci, e as classes médias, que, se ouviram falar em Palocci, Código Florestal e sigilos, não deram tanta bola assim. O importante é o que bate no bolso.
No setor de telecomunicações, Dilma vai anunciar na próxima semana telefone fixo a R$ 9,50 (sem o ICMS) para a baixa, baixa, baixa renda, telefones individuais e orelhões para a área rural e banda larga a R$ 35. Só coisa boa.
No de atendimento médico, a ANS (Agência Nacional de Saúde) deu um chega pra lá nos planos de saúde, definindo prazos para consultas, que eram a perder de vista.
No de educação, a presidente anunciou 75 mil bolsas de estudo para alunos de graduação e de pós-graduação e entregou, toda sorridente, medalhas para campeões da olimpíada de matemática.
No de moradias, a União doou 200 mil m2 em terrenos para projetos de interesse público em Minas Gerais e no Paraná, a maior parte para casas populares.
Então, que Palocci que nada! Crise com a base aliada, o que é isso? Documentos sigilosos, eu, hein?!
É assim que Dilma vai deixando o episódio Palocci para trás, contando com Lula para controlar o PT, jogando as negociações políticas para Ideli Salvatti e se reservando para dar boas notícias a quem interessa de fato -e dá retorno.
Agora, é torcer para não haver outros casos Palocci voando por aí. Senão começa tudo de novo.