Por que querem branquear Machado de Assis?
Posted by Liberdade Aqui! em 21/09/2011
Do Vi o mundo
Caixa tira do ar anúncio que retrata Machado de Assis como branco
por William Maia, do Última Instância, dica de Luana Tolentino
A Caixa Econômica Federal suspendeu a veiculação de uma campanha publicitária sobre os 150 anos do banco que retrata o escritor Machado de Assis como um homem branco. A decisão veio após protestos na Internet e um pedido formal da Seppir (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), órgão do governo federal com status de ministério.
O comercial criado pela agência Borghierh/Lowe viaja no tempo para mostrar que até os “imortais” foram correntistas do banco público. O problema é que o ator que representa o fundador da Academia Brasileira de Letras e autor de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” é branco, sendo que o escritor era mulato.
Na nota oficial em que anuncia a interrupção da propaganda, a Caixa “pede desculpas a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial”.
Nesta segunda-feira, também em comunicado oficial, a Seppir classificou como “uma solução publicitária de todo inadequada” a escolha de um ator branco para interpretar Machado, por “por contribuir para a invisibilização dos afro-brasileiros, distorcendo evidências pessoais e coletivas relevantes para a compreensão da personalidade literária de Machado de Assis, de sua obra e seu contexto histórico”.
Além de pedir a suspensão do anúncio, a Seppir encaminhou pedidos de providencias ao Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e o Ministério Público Federal.
Leia abaixo a íntegra do comunicado da Caixa:
A Caixa Econômica F ederal informa que suspendeu a veiculação de sua última peça publicitária, a qual teve como personagem o escritor Machado de Assis. O banco pede desculpas a toda a população e, em especial, aos movimentos ligados às causas raciais, por não ter caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com a sua origem racial.
A CAIXA reafirma que, nos seus 150 anos de existência, sempre buscou retratar, em suas peças publicitárias, toda a diversidade racial que caracteriza o nosso país. Esta política pode ser reconhecida em muitas das ações de comunicação, algumas realizadas em parceria e com o apoio dos movimentos sociais e da Secretaria de Política e Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) do Governo Federal.
A CAIXA nasceu coma missão de ser o banco de todos, e jamais fez distinção entre pobres, ricos, brancos, negros, índios, homens, mulheres, jovens, idosos ou qualquer outra diferença social ou racial.
PS do Viomundo: Seguem três comentários no Facebook a respeito do assunto:
Jussara Pimenta: O “Branco do Cosme Velho” seria mais apropriado para esse absurdo. Será que cometeriam o “engano” de retratar um “imortal” branco sendo representado por um ator negro? Claro que não.O “branqueamento” do imortal do Cosme Velho não foi um descuido como a princípio se quer fazer acreditar.
José Roberto Bonifácio: Realmente havia algo estranho naquela peça publicitária e é notório que um Machado mulato ofende as suscetibilidades da classe média carioca e brasileira ainda não habituada à mudança e à mobilidade sociais.
Francisco Dourado: faz tempo q querem branquiar o Machado
Leia também:
A Caixa, Machado de Assis e o branqueamento do Brasil
Leitor diz que Petrobras apagou favelas do Rio em propaganda
O que precisa de uma ampla faxina é a linguagem sexista da mídia velha
Veja o diálogo que sumiu na edição do Bom Dia Brasil
Dilma: varrer ou voar?, pergunta o UOL
Gilberto Maringoni e os limites da campanha contra a corrupção
Ciro acusa a mídia de tentar enfraquecer o governo. Novidade!
Deixe um comentário